sexta-feira, 16 de setembro de 2011

PASSADO, E A INCOMPREENSÃO DO NOVO MILÊNIO

            PASSADO, E A INCOMPREENSÃO DO NOVO MILÊNIO

Renoaldo Kaczmarech

Muitos não são capazes de compreender  o fascínio por parte de muitas pessoas pelo passado, como historiadores, ou pessoas cultas que apreciam a História.As causas desta  tenaz  incompreensão, se deve na maioria das vezes, ao total desconhecimento. Muitas pessoas, vitimas de uma educação, que ao invés de atrair o interesse e atenção para o passado, causa o afastamento deste imprescindível  ramo do saber, um mal professor, o próprio ambiente familiar, que nunca estimulou a valorização de seu próprio passado,  criando assim infelizmente, um individuo avesso aos fatos, que já ocorreram  neste mundo, recentes ou longínquos.

Em uma das cenas do filme de Umberto Eco “O nome da rosa”, o velho e mal humorado bibliotecário cego “Jorge” diz em seu sermão  “que não há nada de novo neste mundo, pois tudo não passa de uma sublime e  eterna recapitulação”.Suas palavras soam com uma sobriedade nostalgica, que nos leva a pensar, que  se o mundo de hoje, fizesse uma avaliação séria do passado, não teríamos mais que uma recapitulação, como disse Jorge.Aqui chegamos  no âmago da questão,  sem a  valorização do passado, seu estudo, e compreensão, não temos como avaliar nosso presente, e consequentemente nosso futuro, pois os fatos passados são alicerces,  onde se construiu a  sociedade atual.

Esquecermos e desprezarmos a História: universal ou regional, antiga ou recente, é  ter uma sociedade que sofreu uma amnésia permamente, é como se os alicerces  de um edifício fossem danificados sériamente, sua queda é questão de tempo, o desprezo comum pelo passado, em suas mais diferentes formas, assusta e choca, pessoas que tem uma  visão cultural  ampla e sofisticada, pessoas capazes de juntar  diferentes tipos de cultura de todos os tempos e lugares, seus valores, idéias, sucessos e fracassos, e verem mais do que simplesmente datas, locais.

Estas pessoas com esta visão atemporal, sentem  uma  estranha sensação, como se tivessem  sido parte desta História , como se fossem cidadãos de todas elas,  de todos os tempos e locais, gerando uma compreensão de mundo, uma certeza de quem são, e do que devem fazer ao longo de suas existências.Bem diferente daqueles que parecem se iludir, com um futuro progressista que esta sempre por acontecer, amanhã, mas não conseguem ver que este futuro, pois o hoje está conectado com o ontem, do que aconteceu hoje, que amanhã será passado, ou do que aconteceu há um ano, ou 2000 anos , sua visão restrita, é incapaz de ver a força do passado, como longos tentáculos que atravessaram os séculos, e tem influencia, agora neste momento, o que seria do mundo ocidental de hoje,  se o Império romano tivesse sobrevivido mais de 2000 anos, ou ao contrário não tivesse dominado o mundo de sua época.

Teríamos um mundo totalmente diferente.É nesta compreensão do passado que poderemos vislumbrar o futuro.Hoje os resquícios do passado são atacados de todas as maneiras possíveis, pessoas incapazes de ter esta visão profunda, como comentei, políticas governamentais indiferentes, pois o que move a política, são os interesses, assim museus, ruínas, bibliotecas, instituições de pesquisa, onde a historia realmente reside, sofrem com descaso, má conservação, falta de verbas, ensino deficiente, gerando-se uma nova geração apática em relação ao passado, perdem eles a capacidade de conhecer, analisar, avaliar, compreender, o que se fez de bom e de ruim, perdem o referencial, que poderiam usar na sociedade atual, a sua sociedade.A educação é o único meio de se modificar esta situação, cabe aos educadores da História, este papel , e aqueles como eu, que não vem o passado somente  como datas a serem decoradas, mas aprendizado reutilizado no mundo atual.